O Fortaleza Esporte Clube realizou, nesta terça-feira (8), mais uma live do projeto Fortaleza Para Elas com a participação da jornalista cearense Karine Nascimento, que falou sobre o tema “A regra do impedimento da mulher no esporte”. Com a mediação da coordenadora de comunicação do Tricolor de Aço, Allana Alves, o público acompanhou e participou através da TV Leão.
“Eu não tô aqui para isso!”
Karine é repórter e comentarista esportiva, e foi a primeira mulher a comentar jogo de futebol profissional na TV Aberta do estado, além de ter começado a exercer a função no rádio. Assim, conquistou um marco da representação feminina no jornalismo esportivo, o que foi algo histórico e marcado, lamentavelmente, ainda por mensagens machistas e misóginas.
“À medida que você vai tendo uma exposição maior, sabemos que estamos mais expostas ao lado bom e ao ruim. Quando saí da FCF TV para o Futebolês, eu entrei na equipe fixa da rádio. Logo na semana da minha estreia, choveu de mensagens, como: 'o que é que essa menina está fazendo aí?'. A pessoa não se deu nem o trabalho de ouvir o que eu tinha pra falar e se eu tinha estudado de fato para está comentando", relembra a jornalista.
Na transmissão de estreia pela TV aberta em jogo válido pela Copa do Nordeste, Karine também lembra dos comentários e cantadas desnecessárias, os quais a repórter já esperava.
“Quando estreio na Copa do Nordeste, por um lado foram muitas mensagens do mesmo sentido ou ‘elogios’ falando que gostavam do meu trabalho porque eu embelezava a transmissão. Sendo que esse tipo de mensagem é pior que a crítica. Prefiro que critiquem diretamente ao falarem isso. Eu não tô aqui para isso!", fala a comentarista.
Força e representatividade
Apesar de comentários negativos, mulheres elogiaram a Karine nas redes sociais e agradeceram pelo simbolismo. “Também recebi muitas mensagens de mulheres agradecendo, dizendo que pela primeira vez se sentiram representadas", diz a comentarista.
A repórter também cobre o basquete, esporte que não é predominado e padronizado, segundo a sociedade, por homens, o que torna o trabalho da mulher na cobertura da modalidade mais fácil. “Pela posição de ser imprensa, acaba sendo um pouco mais fácil, porque nós mulheres não recebemos o hate de forma tão direta como no futebol. Até porque faço funções diferentes. No basquete, eu sou repórter, meu trabalho é mais de informar”, avalia Karine.
A Verdadeira Regra do Impedimento
Antes de virar comentarista, a jornalista de 24 anos escreveu o livro “A Verdadeira Regra do Impedimento”, que fala sobre mulheres que vivem o dia a dia no futebol, seja com a bola no pé, nos bastidores, ou na cobertura, e ainda são questionadas por ocuparem seus espaços todos os dias. Além disso, Karine resgata histórias do primeiro Campeonato Cearense realizado em 1983. Com esses assuntos, a jornalista compartilhou que um dos capítulos da obra fala sobre terem mulheres como líderes em cargos que abordam o esporte, pois em forma de representatividade e empatia, enaltecem a cobertura esportiva feminina.
Próxima live
A próxima live do Fortaleza Para Elas será no dia 22 de setembro (terça-feira), às 19h30, com o tema Marketing Pessoal: como alavancar sua carreira. A convidada será a Allana Alves, que é jornalista, pós-graduada em Marketing Digital e Novas Tecnologias e coordenadora de Comunicação do Fortaleza Esporte Clube.
Créditos: TV Leão / Reprodução