Um estudo divulgado pela consultoria Sports Value, nesta semana, aponta que o Fortaleza é o segundo clube com maior evolução do Brasil nos últimos quatro anos, com crescimento de 150% - fica atrás apenas do Red Bull Bragantino. O Leão do Pici teve superávits de R$ 111 milhões nos últimos seis anos. Esse valor em 2023 foi impulsionado por valores recebidos e não gastos provenientes da LFU.
Outro dado significativo do estudo foi quanto à expansão do valor de marca, avaliada em R$ 287 milhões, com crescimento de de 252% nos últimos quatro anos. Entre os pontos elencados, estão as receitas com o torcedor, mesmo com menor renda que os clubes do Sudeste e Sul; o alto engajamento nas redes sociais, com mais de 104 milhões de interações anuais - maior que muitos clubes, além do investimento no futebol com eficiência e resultados evidentes, chegando mais longe na competições mesmo tendo gastado menos que as principais potencias do país.
A título de comparação, em termos de receitas, custos com futebol e valuation, o Fortaleza gasta 3,8X menos que o Flamengo, 3,2X menos que Palmeiras e 3X menos que Corinthians, clubes com os principais faturamentos do país na atualidade.
— É muito bom quando um estudo externo é feito e atesta o que estamos conseguindo executar no Fortaleza, que eu chamo do princípio da eficiência. É fazer mais com menos e melhor, com os recursos menores, mas dificuldades logísticas maiores, conseguindo entregar o resultado esportivo acima do esperado. Não é por acaso: envolve trabalho, tempo, consistência, estratégia de manter uma linha de trabalho com a mesmo elenco e comissão técnica, mas cientes em ver a hora certa de entrada e saída de atletas, e tudo isso se convertendo num mercado difícil que é o futebol, que nos últimos anos foi extremamente turbinado pelos valores de SAFs, por exemplo, novas cifras não faziam parte desse mercado - afirma o CEO da SAF do Fortaleza, Marcelo Paz.
— Acrescente a isso também os patrocínios de empresas de betting. Nós fomos beneficiados com isso, mas outros clubes maiores também foram, mas em proporções ainda maiores, e a gente está conseguindo manter esse nível de competitividade. É um desafio permanente, pois aumenta a expectativa, e nós queremos manter esse nível de entrega esportiva, satisfação do torcedor, dentro sempre do limite da responsabilidade fiscal e econômica - complementa o executivo, que esteve à frente da presidência de 2017, ao pegar o time na Série C, até 2023, quando tornou-se CEO da SAF.
Vice-líder do Campeonato Brasileiro, com 45 pontos e um jogo a menos que seus principais concorrentes, e na disputa por uma vaga às quartas-de-final da Copa Sul-Americana (encara o Rosario Central nesta quarta-feira, no Castelão) o Fortaleza também destaca-se como um dos clubes de menor investimento para montar o elenco: foram R$ 89 milhões para contratar os atletas que hoje compõem a equipe, o que representa o sétimo menor gasto entre as 20 equipes da Série A. Os dados são do Transfermarkt, site especializado em transferências. Para efeito de comparação, o valor gasto pelo Leão do Pici representa 23% dos quase R$ 380 milhões desembolsados pelo líder Botafogo para contar com os atuais atletas do elenco, e 10% dos mais de R$ 900 milhões gastos pelo Flamengo, terceiro colocado.
Fora de campo, uma das mudanças do Fortaleza para este ano foi a criação Sociedade Anônima do Futebol, para dar seguimento ao crescimento registrado nas últimas temporadas, com disputas inéditas da Copa Libertadores, títulos regionais e campanhas recordes. Desde 2017 à frente do Tricolor, Marcelo Paz deixou o cargo de presidente para tornar-se o primeiro CEO da SAF, em movimento que permitiu, ao executivo, centralizar ainda mais os esforços para o futebol do clube. Os primeiros resultados vieram com a conquista da Copa do Nordeste deste ano.
— Migramos para o modelo de Sociedade Anônima do Futebol porque entendemos que trata-se de um caminho benéfico para o clube, e que poderá impulsionar ainda mais o momento de consolidação que vivemos. A partir de uma gestão saudável, responsável e de uma profissionalização da estrutura, o Fortaleza busca se atualizar para seguir crescendo e poder brigar por coisas grandes tanto em âmbito nacional quanto internacional - pontua o CEO.
A adoção do modelo de SAF pelo Fortaleza ainda representa uma quebra em relação ao que era praticado no país, quando a migração para a estrutura empresarial implicou em perda do controle do futebol nos principais casos, a exemplo de clubes como Botafogo, Cruzeiro e Vasco. No caso do Tricolor, o dono da sociedade é o próprio clube associativo, que tem planos para que, no futuro, receba aportes por meio da venda de ações para acionistas minoritários.
Ainda no ano passado, antes da conclusão do processo de criação da SAF, as finanças do Tricolor apontaram para números recordes tanto de arrecadação quanto de superávit, ao alcançar as marcas de R$371 milhões e 66 milhões, respectivamente.