O Fortaleza Esporte Clube anuncia o acerto com a paratleta cearense Fah Fonseca, a única corredora cadeirante que representa o nosso Estado a nível nacional e internacional. A desportista de 32 anos já correu desde pequenas distâncias em pistas de atletismo - 100m, 200m, 400m, 800m, 1500m, 5000m - até as grandes em corridas de rua - 5k, 10k, meia maratona (21k) e maratona (42k).
A paratleta, que representou o Brasil na Paralímpiada Rio 2016, carrega mais de 60 medalhas em competições nacionais e internacionais. Entre estas vale destacar: bronze na Meia Maratona de Lisboa em 2015, mas um ano depois conquistou a prata; o mesmo segundo lugar na Maratona de Dullug, na de Los Angeles em 2018; e na Meia Maratona do Japão em 2015.
Superação e a paixão pelo atletismo
Nascida com mielomeningocele, Fah teve que fazer uma cirurgia de emergência dois dias depois, pois estava com a medula espinhal fora da coluna. Com a deficiência, a mãe da paratleta prometeu que se a filha sobrevivesse a operação levaria o nome de Maria de Fátima, pois era muito devota de Nossa Senhora. A cirurgia foi sucedida e o nome foi dado, a desportista aproveitou todos os momentos na infância e andou até os 13 anos. Entretanto, a adolescência foi “difícil e traumatizante”, como a própria narra, já que a coluna não aguentava mais o peso. Portanto, Fonseca perdeu os movimentos e a força de locomoção das pernas.
Sem cadeiras de rodas na época, era levada à escola no varão da bicicleta dos familiares. A vida acadêmica se resumia em ir para o colégio, sentar na carteira da sala de aula e ficar no mesmo lugar até o toque final. “Pouco me relacionava e nem sequer ao menos podia sair nos intervalos das aulas”, lembra Fah.
O que lhe deu ânimo para viver foi o amor pelo atletismo, que veio após ter passado por um hospital de reabilitação, onde teve o primeiro contato com o esporte e de aprendizado com a sua deficiência, a qual ensinada que poderia ter uma vida normal como qualquer outra pessoa. Aos 17 anos, após marcar a consulta, Maria de Fátima ganhou a primeira cadeira de rodas e uma nova perspectiva de vida, principalmente, através do esporte.
“Comecei com o basquete em cadeira de rodas, mas o meu amor verdadeiro foi o atletismo. Esse esporte sim me contagiou de uma maneira que até hoje eu não consigo descrever. Deve ser por isso que estou correndo em alto nível até hoje mesmo depois de 12 anos competindo diversas corridas, porque eu amo o que eu faço”, exalta Fah.
Amor pelo Leão
Torcedora do Fortaleza, Fah Fonseca está feliz em ser apoiada pelo clube do coração, que também abraça outras modalidades do paradesporto, o basquete em cadeiras de rodas e o power soccer. “É uma sensação única saber que mesmo no Brasil, onde querendo ou não o foco maior é o futebol, ver um clube apoiando de alguma forma outros esportes e também o paradesporto. Nos faz ainda mais ter a esperança de não desistir e continuar seguindo atrás de conquistar os seus sonhos, sejam eles quais forem!”.
O Tricolor do Pici tem orgulho de abraçar a inclusão social no esporte e a incentivar outros clubes de futebol a apoiar a causa, que traz mudança fora e dentro do estádio. “É através desses incentivos (de instituições) que podemos mudar não somente o nível de atletas de alto rendimento, mas também mudar uma sociedade. Mudar uma cultura acontece passo a passo, desde respeitar uma vaga destinada aos cadeirantes dentro e fora do estádio até um grande incentivo em apoiar outros esportes”, exaltou a paratleta.
Inspirações
A principal inspiração de Fah é a Tatyana McFadden, maior corredora de elite cadeirante da atualidade e de todos os tempos dos Estados Unidos, pela garra, humildade e desempenho. Além do tenista Guga, por toda a história contada em biografia e que lhe deu forças para enfrentar as dificuldades no esporte. Também o técnico do time profissional masculino Rogério Ceni por ter ser campeão mundial e ter sido um grande jogador.
2020
Neste ano, Fah já conquistou grandes corridas: campeã geral na Corrida do Cajueiro (7k); 4º lugar na Asics Los Angeles Marathon (42k); e quatro medalhas de ouro do Campeonato Regional Norte-Nordeste (100m, 200m, 400m e 800m). E junto com o Fortaleza, a paratleta vai buscar mais conquistas dentro e fora das corridas de ruas e das linhas da pista de atletismo.
Fotos: Gustavo Simão